viernes, 1 de mayo de 2015

Chamam por mim os mares



Chamam por mim as águas, 
Chamam por mim os mares, 
Chamam por mim, levantando uma voz corpórea, os longes, 
As épocas marítimas todas sentidas no passado, a chamar.
 
[…]




Toda a vida marítima! tudo na vida marítima!
Insinua-se no meu sangue toda essa sedução fina
E eu cismo indeterminadamente as viagens.
Ah, as linhas das costas distantes, achatadas pelo horizonte!
Ah, os cabos, as ilhas, as praias areentas!
[…]




E vós, ó coisas navais, meus velhos brinquedos de sonho! 
Componde fora de mim a minha vida interior! 
Quilhas, mastros e velas, rodas do leme, cordagens
[...]





Chaminés de vapores, hélices, gáveas, flâmulas, 
Galdropes, escotilhas, caldeiras, coletores, válvulas; 
Caí por mim dentro em montão, em monte, 
Como o conteúdo confuso de uma gaveta despejada no chão!
Sede vós o tesouro da minha avareza febril
[…]





Ah, seja como for, seja por onde for, partir!
Largar por aí fora, pelas ondas, pelo perigo, pelo mar.
Ir para Longe, ir para Fora, para a Distância Abstrata,
Indefinidamente, pelas noites misteriosas e fundas,
Levado, como a poeira, plos ventos, plos vendavais!
Ir, ir, ir, ir de vez!







(Ponta de Sagres y Cabo São Vicente, octubre 2011)

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